O legado de Dona Ivone perdura através do terço rubro-negro entregue ao técnico antes de sua estreia no Flamengo.

Rio de Janeiro, 15 de Outubro de 2023 – Adenor Leonardo Bacchi, conhecido como Tite, é um homem que carrega consigo três pilares fundamentais: amor, espiritualidade e fé. Essas virtudes têm raízes profundas em sua história, entrelaçadas com a figura de sua mãe, Dona Ivone, que deixou um legado espiritual inabalável ao partir em 2019 aos 83 anos.

A devoção de Tite transcende os gramados, refletindo-se em objetos que o acompanham em todas as jornadas. Um crucifixo repousa em seu pescoço, enquanto um terço permanece sempre no bolso, simbolizando a união indissolúvel entre sua fé e o futebol. Uma tradição que remonta à infância, quando Dona Ivone confeccionava terços em sintonia com as cores do clube que o filho comandava, proporcionando-lhe um amuleto de proteção e esperança nos momentos cruciais das partidas.

Em um gesto de calorosa recepção, o Clube de Regatas do Flamengo decidiu honrar essa tradição e surpreender o renomado treinador nos primeiros dias no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do clube. Um terço rubro-negro, símbolo vívido da paixão flamenguista, foi entregue a Tite, acompanhado de uma imagem de São Judas Tadeu, padroeiro venerado pelos rubro-negros, e uma camisa com o nome de Dona Ivone, reverenciando a mulher que moldou o coração do técnico.

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A emoção foi palpável quando Tite recebeu a homenagem, a voz carregada de gratidão e emoção. Posteriormente, o treinador reservou um espaço especial em sua sala no centro de treinamento para os presentes. O terço e a imagem de São Judas Tadeu agora repousam nesse sagrado recanto.

“Espiritualidade e fé são companheiras constantes, independentemente das circunstâncias. Tenho o legado de minha mãe, que é a fé, e o legado de meu pai, que é o esporte. Para mim, esses dois elementos estão intrinsecamente ligados”, compartilhou Tite, expondo a essência dessa união sagrada.

O legado de Dona Ivone reverbera na vida de Tite desde seu nascimento, que ocorreu sob as bênçãos da Igreja de São Braz, em Caxias do Sul. A espiritualidade foi o tesouro que ela legou, tornando-se ainda mais evidente durante os anos à frente do Corinthians.

Católico devoto de Nossa Senhora Aparecida e São Jorge, Tite erigiu um altar no centro de treinamento do Corinthians, onde buscava a paz espiritual diariamente antes dos treinos. Nas jornadas de glória nos gramados, a imagem da santa o acompanhava até o vestiário, testemunha silenciosa de suas preces.

A devoção transcende fronteiras geográficas. Mesmo em terras distantes, como no Mundial de Clubes no Japão, em 2012, Tite não se afastou de sua fé. Antes da conquista do título mundial, o treinador buscou a bênção do padre Keith Humphries no Centro Católico Internacional Mikokoro, em Nagoya. Semanas antes, um pergaminho enviado ao Papa Bento XVI, benzido após uma prece, reforçou os laços de espiritualidade que norteiam sua jornada.

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Em 2015, após a glória do título brasileiro pelo Corinthians, Tite honrou uma promessa ao caminhar 22 quilômetros até o Santuário de Caravaggio, no Rio Grande do Sul, em um testemunho tangível de sua devoção.

Tite é mais que um treinador; é um homem impulsionado por uma fé arraigada, sustentada pelo legado de Dona Ivone. Cada passo em sua carreira é marcado pela presença espiritual que o guia, e no Flamengo, esse legado continua a inspirar não apenas o técnico, mas todos aqueles que têm o privilégio de testemunhar a união indissolúvel entre espiritualidade e paixão pelo futebol.