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1 ano atrásno
Por
Pedro CarlosA movimentação de passageiros aéreos na cidade do Rio de Janeiro sofreu uma drástica redução ao longo dos últimos oito anos, entre 2014 e 2022. Embora a pandemia de Covid-19 tenha desempenhado um papel crucial no declínio dos números, outras questões também contribuíram para esse cenário preocupante.
De acordo com dados disponibilizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o auge da atividade aérea no Rio foi atingido em 2014, quando os aeroportos do Galeão e Santos Dumont testemunharam um total de 13,3 milhões de passageiros embarcando em voos domésticos e internacionais.
Entretanto, em 2022, esse número havia caído para 7,8 milhões, representando um declínio impressionante de 41%, equivalente a uma diminuição de 5,5 milhões de passageiros em relação ao patamar de 2014. Vale notar que mesmo em 2019, antes do impacto global da pandemia, houve uma queda de 15% nos embarques em comparação com cinco anos anteriores, totalizando 11,3 milhões de passageiros. O único período em que se observou um aumento foi de 2016 a 2017, enquanto os demais anos marcaram um declínio constante.
As projeções para o ano corrente sugerem que, se a tendência dos primeiros sete meses se mantiver, os embarques totais nos dois aeroportos se aproximariam de 9 milhões ao final do ano. O impacto mais substancial foi sentido no Aeroporto Internacional do Galeão, que apresentou uma diminuição de 19% nos embarques entre 2014 e 2019, e um acentuado declínio de 66% durante o período de 2014 a 2022. O Aeroporto Santos Dumont, embora tenha observado uma queda de 8% entre 2014 e 2019, apresentou uma ligeira alta de 2% em 2022 em comparação com 2014.
Uma análise mais detalhada dos dados revela que a migração de passageiros do Galeão para o Santos Dumont não foi uma tendência observável. Entre 2014 e 2022, o número de embarques no aeroporto doméstico aumentou em 90 mil, enquanto o Galeão perdeu notavelmente 5,6 milhões de passageiros.
Contrastando com o cenário do Rio de Janeiro, os dois principais aeroportos de São Paulo, Guarulhos e Congonhas, experimentaram um aumento de 15% nos embarques entre 2014 e 2019, seguido por um declínio moderado de apenas 8% em 2022, em comparação com 2014.
Para Elton Fernandes, professor do Programa de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), é crucial que tanto os governos quanto os empresários assumam a responsabilidade de revitalizar a importância do Rio de Janeiro em âmbito nacional e internacional, atraindo assim mais viajantes para a cidade.
Rafael Castro, especialista em aviação e professor do curso de Turismo do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ), destaca que simplesmente transferir voos do Santos Dumont para o Galeão não será suficiente para reverter o declínio do aeroporto internacional. Essa medida, segundo ele, é uma solução apenas emergencial. Ele enfatiza a necessidade de melhorias no acesso ao terminal através do transporte público e investimentos em segurança pública, além de esforços para atrair mais turistas para a cidade.
Castro observa: “O Rio de Janeiro tem um potencial turístico muito superior a outras cidades. É uma cidade que vem à mente de qualquer turista estrangeiro.”
Daniela Maia, secretária municipal de Turismo do Rio, ressalta os esforços da cidade em atrair visitantes por meio de eventos de grande porte, participação em feiras internacionais e investimentos em novos roteiros turístico-culturais. Ela menciona ainda investimentos na área de audiovisual, novos roteiros turísticos, cultura e ajustes no Aeroporto Galeão para acomodar um maior número de voos nacionais e internacionais.
Gustavo Tutuca, secretário estadual de Turismo, atribui a queda de passageiros aéreos na cidade a diversos fatores, incluindo a crise financeira pós-Jogos Olímpicos de 2016, a pandemia e um desequilíbrio entre os aeroportos Galeão e Santos Dumont. Ele destaca os esforços do governo em negociar com companhias aéreas para reintroduzir voos internacionais e promover o estado em cidades emissoras de turistas.
Tutuca também aponta para a decisão do governo federal de restringir voos no Santos Dumont como um esforço para fortalecer o Galeão, buscando equilibrar as operações. Ele enfatiza o comprometimento do governo em oferecer incentivos fiscais às companhias aéreas no Aeroporto Galeão, expressando otimismo quanto à recuperação do Rio de Janeiro como um destino atraente para os viajantes.
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